ENQUADRAMENTO
Se transladássemos, numa máquina do tempo, um cirurgião, um arquiteto e um professor, de há séculos atrás até aos nossos dias, nenhum seria capaz de trabalhar no seu ofício à exceção do professor. Este último chegaria à sala de aula, veria o quadro de escrever, o manual e as canetas, e com o mínimo esforço e intuição seria capaz de desempenhar as suas funções. E esta é uma ideia que nos deveria fazer reflexionar, apoiando-nos no facto de que a Inteligência muito se tem desenvolvido até aos dias de hoje, a par de uma educação que permaneceu estanque no tempo. Perpetuamos um sistema educativo que se pauta pela escrita e oralidade. Se eu sou muito boa linguisticamente, é tremendamente mais expectável que venha a ter sucesso académico. Porém se o meu forte for a nível visuo-espacial ou musical, irei fazer muito mais fatiga a aprender os constructos apresentados nas aulas. Facilitamos a vida a uns, injustamente sabotando outros. O mundo está cheio de génios que creem ser idiotas, porque sempre vão mal naquilo que os obrigam a ser bons. Algures na nossa história achámos que faria sentido perpetuar esta ideia de que um jovem promissor é aquele que tira 20’s nos exames, não olhando que estas diferenças possam ser fruto de uma necessidade de revisão geral da educação, e dividindo e condenando, para sempre, aqueles que lá não chegam.
A teoria da Inteligências Múltiplas conceptualiza a Inteligência em diferentes tipos, que são eles a lógico-matemática, linguística, espacial, musical, cinestésica-corporal, existencial, naturalista, inter e intrapessoal. É fascinante se pensarmos na metáfora de que os nossos alunos podem ser como um grupo de peixes, ursos, répteis e macacos, a quem colocamos igualmente o mesmo problema: subir a uma árvore. Se a todos pedimos que o façam, sem olhar às capacidades e diferenças de cada um, existe uma grande fatia que se sentirá para sempre incapaz. A teoria das Inteligências Múltiplas, de que tanto gosto, vem dotá-los e valorizá-los.